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The Boys: Confrontos com patriotismo cego e personagens multidimensionais

  • Foto do escritor: Pedro Lacerda
    Pedro Lacerda
  • 27 de jul. de 2019
  • 3 min de leitura

Atualizado: 13 de ago. de 2019

Nas palavras de um dos melhores super-vilões de 2019, Mr. Nobody de Doom Patrol “outra f@d&ndo série de super-herói’’. Mas diferente de algumas das nossas séries favoritas sobre super-heróis. A série é baseada na HQ da Dynamite Entertainment criada por Garth Ennis e Darick Robertson, e adaptada por Seth Rogen, Evan Goldberg e Eric Kripke para Amazon Prime Video, The Boys é menos sobre pessoas com poderes salvando o mundo e mais sobre pessoas com poderes causando problemas enquanto parecem estar salvando o mundo, e quem fica para trás. 

A série foca em um grupo de cinco pessoas que não poderiam estar mais insatisfeitas com a companhia uns dos outros, três ex-agentes da CIA, Butcher (Karl Urban), Frenchie (Tomer Capon), Mother’s Milk (Laz Alonso), o vendedor de eletrônicos Hughie (Jack Quaid) e uma super-poderosa muda, Fêmea (Karen Fukuhara). Juntos, o grupo tropeça ao longo da confusa missão de manter super-heróis na linha em um mundo no qual quase todos com super-poderes agem como celebridades delinquentes, perfeição na frente das câmeras e uma bagunça nociva quando o público não pode ver. Durante toda a primeira temporada dois temas se destacam bastante, o patriotismo e fidelidade cega que faz com que as pessoas procurem respostas fáceis e se deixem ser enganada pra fingir que o mundo é mais preto e branco do que realmente é, e outro é o constante destaque de como ninguém, absolutamente ninguém, está livre das dificuldades da vida, não importa se você é totalmente bom ou ruim. Talvez com a exceção do Homelander (Antony Starr), seja lá o que ele for, ele é essa coisa encarnada e nem desinfetante muda. 


Outros assuntos tomam destaques surpreendentes para uma série que a primeira vista parece que vai ser só pancadaria e raios lasers, como abuso sexual, o machismo e racismo institucional. Não muito diferente do que empresas fazem com atletas, atores e qualquer pessoa pública, em The Boys a empresa responsável pela maioria dos super-heróis nos Estados Unidos, a Vought, constantemente usa de técnicas de marketing e manipulação para lucrar com problemas importantes e sensíveis como racismo, machismo, representação social e religião. Talvez uma das cenas que mais destaca esses problemas é quando um time de marketing composto por dois homens dizem para uma super-heroína que o uniforme revelador, ou maiô, que eles criaram para ela é um ato de feminismo, porque “mostra ela tomando o controle do próprio corpo’’, e como isso conta a história da jornada pela qual ela está passando, como se eles a conhecessem a mais do que um dia sequer. Existe uma chance que se você não for um leitor de quadrinhos não tenha notado, mas as HQs estão cheias de personagens femininas com roupas reveladoras apoiadas na desculpa que mostrar o corpo foi a escolha da personagem, como empoderamento… sendo que na maioria das vezes o roteirista é um homem, assim como o desenhistas e editor.


Um dos maiores subtemas da série é a ofensiva da Vought para que seus super-heróis sejam incluídos no exército americano, algo que inicialmente é apoiado pelo público mas rejeitado pelo Senado. É aqui que o patriotismo cego ganha destaque, a crença de que alguns super-heróis voando ao redor do mundo sob as ordens do governo americano iriam resolver todos os problemas do mundo. Porém, a discussão logo se mostra semelhante ao dilema nuclear, se um tiver outros vão querer e irão revidar com o dobro de potência, levando a mútua destruição especialmente com o fato de tal como qualquer figura pública, como políticos, autoridades e celebridades, os super-heróis raramente são a perfeição que exibem nos talk shows e eventos.


The Boys é uma série recheada de violência, um pouco de sexo, personagens fortes, e o mais importante, personagens multidimensionais. Todos os personagens passam por um grande arco de crescimento, nem sempre levando a lugares melhores. Diferente da vida real, a maioria dos personagens precisam lidar com as consequências dos seus atos, sejam eles bons ou ruins. Um personagem em especial passa por um arco de decadência muito interessante, em tempos em que muitos predadores sexuais estão sendo confrontados com os atos horríveis que acharam que nunca iriam ver a luz do dia, é bom e ao mesmo tempo desconfortante ver como esse personagem é afetado pelas consequências do abuso que impôs sobre outras pessoas. É bom pela representação de consequências, mas desconfortável porque faz telespectador ser confrontado com o horror do círculo de violência gerado por vingança e depressão. Com tudo isso, The Boys definitivamente é uma série que vale a pena conferir.



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