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Swamp Thing: A triste morte do horror e fantasia do Monstro do Pântano

  • Foto do escritor: Pedro Lacerda
    Pedro Lacerda
  • 2 de ago. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 13 de ago. de 2019


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Faz tempo que eu não fico tão chateado com o cancelamento de uma série, mas assistir ao final da temporada criou um redemoinho de sentimentos muito confusos. Em tempos de mega universos televisivos como os dos heróis da DC Comics na The CW, lidar com a morte prematura de uma adaptação de quadrinhos ainda é um choque, especialmente uma série recebida tão bem pela crítica e público como foi com Swamp Thing. A terceira produção live action do serviço de streaming da DC, O DC Universe, passou por diversos problemas desde o começo, com a produção sendo cortada com três episódios a menos sem aviso prévio e um cancelamento inesperado na semana de estreia. Mesmo assim, a série produzida por James Wan e desenvolvida por Gary Dauberman e Mark Verheinden contando  as estranhas aventuras do Monstro do Pântano se mostrou um obra prima com a mistura do terror, bizarro e fantástico das décadas de histórias do personagem criado por Len Wein e Bernie Wrightson


Talvez um dos melhores elementos da série é como ela se sustenta bem sem o personagem principal. Alec Holland só se torna o Monstro do Pântano ao final do primeiro episódio, porém diferente de outras séries que arrastam a transformação do “herói’’, aqui o telespectador facilmente se apaixona pela forma humana do personagem interpretado pelo incrivelmente carismático Andy Bean. São poucas as vezes que Bean aparece novamente, mas todas incrivelmente bem vindas, assim como todas as cenas com Derek Mears como o Monstro.


Com diversos personagens ricos em personalidades profundas e variadas, a série continua interessante quando o foco é em personagens como Abby Arcane (Crystal Reed), Liz Tremayne (Maria Sten) ou Avery e Maria Sunderland (Will Patton e Virginia Madsen). Patton interpreta um carismático vilão, cujo o egoísmo constantemente se confunde com o seu suposto amor pela cidade de Marais, usando do dinheiro e influência para convencer a todos que eles precisam dele, e não ao contrário. O jogo da ilusão de poder parece funcionar com quase todos, menos Liz que foca todo seu tempo e energia como repórter tentando desvendar os esquemas dos Sunderlands, um caminho que se mostra uma trilha de sangue e perigo quando os investimentos de Avery começam a passar por cima do bem estar de qualquer um que fique no caminho.

Apesar da série levar o nome de Swamp Thing, é óbvio que Abby é tanto a protagonista quanto o monstro titular, talvez até mais em alguns momentos. Que fique claro que obviamente o meu amor por Teen Wolf deve ser levado em conta quando o assunto é a Crystal Reed, mas só porque ambas as séries são provas enormes da incrível atuação de Reed. Logo no primeiro episódio você acredita que aquela jovem é sim uma médica, uma cientista. A relação de Abby com Alec/Monstro do Pântano daria uma série inteira por si só, a química dos dois em cenas mais calmas, conversando sobre as dificuldades de ser humano, de errar ou de plantas que pensam, falam e lembram do passado. O maior desserviço desse cancelamento é ter acontecido justamente quando a relação desses dois personagens alcançou um lugar estável, com todas as cartas na mesa a série acaba quando tudo parece possível para essa história de amor com gosto de A Bela e a Fera — menos o fator Síndrome de Estocolmo. E sim, eu nunca vou perdoar a Warner por ter nos roubado de uma cena de sexo entre os dois, o que poderia sido uma das cenas de sexo mais lindas da história da TV, com explosões de flores e tudo mais. 


Mas não é só de amor que sobrevive uma criatura mágica criada por um parlamento de árvores centenárias, com um personagem como o Monstro do Pântano a série está fadada ao gore e horror, para sorte de quem assiste. Constantemente caçado, Alec encontra diversas chances para desmembrar seus inimigos, a mistura de CGI com efeitos práticos dá um tom especial para toda violência da série, assim como a presença do podre, uma força sobrenatural que usa doença e morte como suas armas na luta contra o verde, a força que transforma Alec no Monstro do Pântano.


Como qualquer série de quadrinhos que se respeite, Swamp Thing vem recheado de personagens com pequenas participações que trilhavam o caminho para grandes jornadas. Considere isso, essa série trouxe a vida o Demônio Azul (Ian Ziering) e a Madame Xanadu (Jeryl Prescott), nós estamos falando de uma proto Liga da Justiça Dark aqui, ou ao menos era isso que os produtores planejam para o futuro da série, além de lutas contra vampiros, lobisomens e outras criaturas (via GameSpot), ou seja, dava pra sonhar com mais atores de Teen Wolf — desculpa, não consigo deixar isso passar. O fato que a série aparentemente foi cancelada para economizar dinheiro guardando os sets na Carolina do Norte, e não por críticas ou mau desempenho com certeza é soco no estômago que faz lembrar que não importa o quão incrível e uma obra de arte uma produção seja, filmes e séries são um negócio e muitas vezes o dinheiro fala mais alto do que qualquer outra coisa. É ótimo que outras séries do DC Universe tenham mais chance de viver, como a incrível Doom Patrol e Titans, sem mencionar Young Justice, mas perder uma série tão diferente quanto Swamp Thing deixa um gosto amargo na boca, um gosto do que poderia ser.




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