SUPERGIRL: A Primeira Temporada e as Possibilidades da Segunda (SPOILERS)
- Pedro Lacerda
- 22 de abr. de 2016
- 5 min de leitura
Atualizado: 13 de ago. de 2019

O texto a seguir possui alguns pequenos SPOILERS da primeira temporada de Supergirl. Esteja avisado, por favor continue!
Mais ou menos um ano atrás o episódio piloto de Supergirl vazou na internet, dividindo os fãs prematuramente. Na época acharam que a série parecia uma versão com poderes de ‘’O Diabo Veste Prada’’, chamando de ‘’muito feminina’’. Agora que a primeira temporada chegou ao fim é hora de falar sobre essas e outras críticas, afinal, Supergirl é uma série de super-herói ou um drama feminista?
A reposta felizmente é ambos. Supergirl veio em um momento crucial para cultura pop e as adaptações de super-heróis. Com as telas repletas de homens brancos assumindo as posições dos maiores heróis da Terra, já estava na hora de ter uma mulher no meio desse panteão. Supergirl faz questão de lembrar que a protagonista é uma mulher no começo da sua carreira, tentando construir uma vida por si mesma. E no caso de Kara Danvers se descobrir envolve assumir sua herança kryptoniana e usar os poderes para ajudar os cidadãos de National City. Ao mesmo tempo que temos Kara tentando ser a melhor assistente possível para Cat Grant (Calista Flockhart), Supergirl está tentando sair da sombra do Superman, mostrar que é tão capaz quanto o seu primo.

Nos primeiros episódios a decisão de Kara de assumir o papel de Supergirl é contestada por todos: sua irmã preocupada com a exposição, Hank (David Harewood) insatisfeito em ter uma garota sem total controle dos seus poderes colocando missões em risco, e pela população de National City que fazia questão de destacar os erros de Kara mil vezes mais do que seus sucessos. E em parte todos estavam certos, Kara era inexperiente e em algumas situações sua intervenção transformava uma situação como um navio em chamas e encalhado em um vazamento de óleo catastrófico. Porém da mesma forma que Kara foi ganhando a confiança de Cat, aprendendo quando ler entre as linhas e descobrir do que a sua chefe realmente precisava, Supergirl aprendeu a ser uma super-heroína confiando em si mesma e no seu time.
Verdade seja dita, a trama principal da série é uma bagunça que por pouco não termina sem uma conclusão decente. Mas a falta de um vilão de verdade, e uma ameaça lógica para temporada, é compensado nos pequenos arcos. Talvez o mais impressionante e totalmente inesperado seja a introdução do Caçador de Marte/J’onn J’onzz/Ajax, interpretado belamente por David Harewood que pelos primeiros episódios convenceu a todos que ele estava interpretando o Superman Ciborgue (no qual Hank Henshaw se transforma nos quadrinhos). Mas ao invés de um vilão nós ganhamos uma das melhores adaptações de um dos melhores heróis do Universo DC Comics. Com muito trabalho nos efeitos especiais e a interpretação de Harewood, Supergirl conseguiu arrancar lágrimas dos fãs (ao menos deste fã) com a história por trás da morte de Marte e por que J’onn esconde a sua verdadeira face do resto do mundo.

J’onn se torna extremamente próximo de outra personagem que constantemente rouba a cena, Alex (Chyler Leigh). A relação entre Kara e a sua irmã adotiva é um tema recorrente na primeira temporada, o que acaba gerando algumas das cenas mais emocionantes da série. Essas duas estão constantemente tentando se proteger e proteger o mundo, cada uma da sua maneira particular. Aliás, no penúltimo episódio a série brinca com algo que poderia ter sido a origem perfeita para o Metallo, e vamos fingir que por alguns minutos foi.
Infelizmente nem todos os personagens da série são tão cativantes assim. Algumas pessoas tiveram problema com o fato de que Jimmy Olsen (Mehcad Brooks) se tornou negro na série, algo que não traz diferença alguma para as origens do personagem. Porém a escolha do ator não foi tão boa quanto poderia, já do piloto somos apresentados com a ideia que Jimmy é o interesse amoroso de Kara. Ao longo da temporada a série tenta nos convencer que esses dois se amam e são perfeitos um para outro, quando na verdade as cenas entre eles são cheias de constrangimento no máximo, não existe química entre os personagens. Brooks parece fora de lugar quando interage com os outros personagens. Esse é um ponto que precisa ganhar mais atenção na segunda temporada, quem sabe fazer com Kara o mesmo que Avatar fez com a Korra.
Outro problema da série são os seus vilões, é possível contar nos dedos os vilões que foram ameaçadores pelo menos interessantes. Curiosamente um deles, Maxwell Lord (Peter Facinelli), só se tornou interessante de verdade depois que foi derrotado. Já Curto Circuito (Brit Morgan) chamou atenção no episódio na qual foi apresentada, mas quando retornou no crossover com Flash, a personagem parecia uma sombra relaxada daquela que nos foi apresentada alguns episódios antes.

Porém os Kryptonianos que escaparam da Zona Fantasma e que deveriam ser a grande ameaça da temporada, pareciam perdidos no meio dos próprios planos, obviamente realizando ações que facilitassem a vida da nossa heroína. A presença do exército kryptoniano começa perder o seu sentido depois que o arco com Astra (Laura Benanti) chega ao fim, o que é uma pena considerando os lugares para os quais a trama poderia ter ido. Mas do lado positivo, dois vilões menores da temporada ganharam o potencial para serem os grandes antagonistas da segunda temporada; Indigo (Laura Vandervoort) e os Marcianos Brancos, sempre que aparecem ambos enchem a tela com toda energia que falta nos vilões principais.
No final Supergirl consegue sucesso na criação da maioria dos seus personagens, trazendo interpretações cativantes e histórias interessantes. Porém falha nos pequenos detalhes e enquanto o investimento no emocional e nas dificuldades sociais são uma parte importante da série, falta um pouco dessa atenção nos vilões e nas ameaças que movem nossos heróis pela temporada.
No próximo ano os produtores vão precisar trabalhar melhor na trama geral, entender melhor como cada personagem se encaixa nessa trama; especialmente Jimmy e o Superman, cujo a existência era totalmente desnecessária e agora o herói precisa ser sujeito a momentos ridículos para justificar sua ausência de tela. Talvez tentar mexer com a Morte do Superman seja uma ideia, seria interessante ver a Supergirl tendo que assumir o título da maior heroína da Terra… e quem sabe ir de aprendiz para mestre ao descobrir um clone do Superman precisando ser guiado.
E queremos mais crossovers, com mais personagens. FAZ LOGO UM MEGA ESPECIAL DE QUATRO NOITES NO FINAL DO ANO! Certeza que ninguém ia reclamar em ter muito mais disso:

A primeira temporada de Supergirl carrega no seu núcleo tudo o que compõe ser um super-herói, todos os dilemas referentes a carregar um grande legado e ao mesmo tempo tentar criar uma imagem por si mesma. Definitivamente outras séries e filmes poderiam aprender um pouco com Supergirl sobre o quão importante é ter emoções e personalidade no centro de qualquer adaptação de super-heróis.







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