Star Trek: Discovery continua me fazendo chorar em todos os episódios
- Pedro Lacerda
- 6 de nov. de 2020
- 3 min de leitura

Talvez isso coloque meu certificado de nerd em risco, mas até o reboot de 2009 eu nunca me interessei muito para Star Trek. De um jeito ou de outro sempre estive ciente da franquia, assisti vários episódios na infância esperando as séries que gostava começarem, especialmente se fossem episódios de Nova Geração. Porém, quando Discovery estreou em 2017, me descobri interessado pela premissa da série, em grande parte graças ao envolvimento de Bryan Fuller. E assim, eu estava fisgado no que na minha opinião é a melhor série da franquia.
Obviamente, eu não assisti cada segundo de Star Trek que existe, apesar de já ter visto muita coisa, eu sempre tive dificuldade de me conectar com a franquia. Mas Discovery não foi um problema, tirando o foco do Capitão, pessoas normais e totalmente desajeitadas em todos os sentidos da palavra. A arrogância do Stamets (Anthony Rapp), uma arrogância profunda que vem de se sentir sozinho isolado, sempre mil passos a frente de todo mundo, muitas vezes porque ele não deixa ninguém sequer tentar acompanhar. Mas mesmo assim ele não se acha acima do contato humano, na verdade ele deixou alguém entrar, alguém que ele não consegue suportar o pensamento de perder porque parece ser a única pessoa que ele não perde quando é ele mesmo. Essa personalidade se destaca ainda mais quando comparada com a Tilly (Mary Wiseman), alguém tão capaz, talvez mais, do que o Stamets, mas sem a arrogância, e infelizmente sem a confiança em si mesma e suas habilidades.

Em séries de TV nós normalmente vemos personagens que destacam um lado específico de si, afinal a complexidade da personalidade humana não é algo fácil de colocar algumas horas de entretenimento. Mas o que Discovery faz com perfeição é unir opostos que na verdade representam um tipo de pessoa, eu por exemplo tenho diversos momentos em que penso e ajo como o Stamets, mas como uma rasteira da vida, uma insegurança e total falta de confiança nas minhas habilidades me consome, assim como acontece com a Tilly.
Na primeira temporada senti como se a Michael (Sonequa Martin-Green) fosse uma tela em branco, mas hoje em dia é claro que ela era um quadro completo que havia sido pintado por cima, a interação com os membros da Discovery não a constroe, mas sim remove aos poucos partes da tinta branca, cobrindo a verdadeira Michael. No final da segunda temporada fica claro o quanto todos esses personagens cresceram graças às experiências compartilhadas entre si. No meu entendimento, por décadas Star Trek existiu seguindo algumas regras, nunca mostrar conflito entre os personagens, ficar longe de questões religiosas, e enquanto com toda certeza Discovery não foi a primeira a abordar essas questões, foi o golpe que a maioria das pessoas notaram. Michael, por ter sido criada como uma Vulcan, constantemente tenta afogar suas emoções, que sempre voltam como uma tsunami. E perdão se esse texto está ficando pessoal demais, mas é por isso que Discovery me conquistou, as cenas em que Michael não consegue mais segurar a tempestade dentro de si são como olhar em um espelho para mim, e uma previsão do que estaria por vir.

Atualmente a série está na terceira temporada, quatro episódios foram lançados em todos não consegui conter as lágrimas, e nem sempre pelo que está acontecendo na tela. No segundo episódio eu me peguei aos prantos assistindo a Discovery desviar de um campo de asteróides, todo os episódios e trama que nos levaram até aquele ponto são cheias de elementos emocionais. Mas são as pequenas cenas, aquelas que a maioria das pessoas se vira para beber ou comer algo, essas são as cenas que transbordam emoções inesperadas.
E claro, de repente grandes explosões e alguém de quem você não consegue lembrar o nome é ferido mortalmente e você nota que o nome do personagem não importa tanto, mas sim as memórias com ele. O que por tabela somos levados em uma viagem emocional pelas memórias de todas aquelas pessoas cujo nome não mencionamos faz meses, talvez anos, mas que continuam sendo cruciais para nossa história pessoal. Ou talvez isso aconteça só comigo.
Star Trek: Discovery é cheia do que fazem algumas das melhores obras de ficção científica incríveis. Aventuras pelo tempo, espaço, alienígenas, dilemas morais, e mais importante, emoção, crescimento pessoal, nem sempre estar do lado certo, mas ser obrigado a continuar vivendo e tentar fazer o melhor no futuro. E isso porque eu ainda não tive tempo de dissertar porque o Saru é a melhor parte da série, tudo graças a lenda humana que chamamos de Doug Jones.







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