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Death Note (Netflix): Personagens Negligenciados ao Ponto Cômico

  • Foto do escritor: Pedro Lacerda
    Pedro Lacerda
  • 25 de ago. de 2017
  • 3 min de leitura

Atualizado: 13 de ago. de 2019


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SPOILERS LIGEIROS ABAIXO! Não que faça diferença. 

Na última meia década a Netflix se tornou uma espécie de messias do meio do entretenimento, papel que por algum tempo foi ocupado pela HBO, sendo considerada a fonte perfeita de ótimas produções. Mas se tem algo que ficou claro nos últimos dois anos é que não é bem assim. Como qualquer outro estúdio ou canal, a Netflix erra porquê assim como outros estúdios nem sempre coloca as pessoas certas no projeto certo, Death Note é um infeliz exemplo de como se ajeitar certinho, fica fácil dar tudo errado.


Dirigido por Adam Wingard (V/H/S e Bruxa de Blair), a adaptação de Death Note perde completamente a essência de todos os personagens e na tentativa desnecessária de ocidentalizar a história do mangá de Tsugumi Ohba e Takeshi Obata, o longa perde qualquer chance de ser pelo menos um bom filme que adapta mal o material original.


Nat Wolff vive uma versão histérica de Light, que mais responde as provocações daqueles a sua volta do que toma atitudes e decisões baseadas nos seus desejos e ideais. Uma das partes mais decepcionantes do filme ocorre assim que Light conhece Ryuk (Willem Dafoe), depois de passar o que parece mais de um minuto correndo e gritando como criança no primeiro vislumbre de Ryuk, Light é tentado a usar o Death Note, ao contrário do personagem original que testa e começa a usar o caderno por vontade própria, dias antes de conhecer o deus da morte.


O filme claramente espera ter uma continuação, mas mesmo assim apressa a história ao ponto de se tornar incoerente. O mangá com certeza peca em cortar atalhos para fazer L e Light parecerem mais inteligentes e capazes do que realmente são. Mas Wingard eleva isso a um nível completamente novo, L (Lakeith Stanfield) faz conclusões gigantescas baseado em quase nada, ou vezes absolutamente nada. E por algum motivo o vício de L em doces é elevado para uma técnica para ficar acordado por mais tempo e estender as capacidades cognitivas do cérebro, ao ponto em que ele precisa óculos especiais para conseguir dormir corretamente. Algo que só não chama mais atenção do que a decisão de Light de estudar o Death Note — depois de ter usado algumas vezes — no meio do ginásio da escola e depois decidindo que é uma boa ideia contar tudo para Mia (Margaret Qualley), a versão do filme da Misa, alguns dias depois que a conheceu.


Death Note não poupa falhas, mas talvez uma das piores seja a maneira como negligencia os personagens em que acerta, Mia e Ryuk. Mesmo com o ligeiro desvio de personalidade que faz com que o Ryuk vá de um ser sobrenatural procurando entretenimento para um demônio tramando a miséria daquele que tomar posse do seu Death Note, a interpretação de Dafoe ainda faz com que o personagem seja um dos mais divertidos do filme. E Mia que apesar das obvias tentativas do filme em transformá-la em mais uma colegial popular e danificada pelo seu próprio círculo de amizades, toma muitas das características do Light do material original, da frieza para lidar com situações problemáticas até a disposição para matar inocentes em prol do seu objetivo principal.

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No fim, não existe muito o que falar sobre Death Note não pela falta de erros ou acertos, mas pelo quão vazio e corrido o filme é. Mas talvez valha muito mais se interpretado como uma comédia já que a única reação positiva que o filme consegue gerar são algumas risadas, mesmo em cenas nas quais provavelmente não planejava (como por exemplo a última interação entre Light e Mia perto do final do filme).


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